10ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais é marcada por roda de conversa
A ação aconteceu no Marco Zero às margens do Rio Doce
20/08/2025 14h30
Na manhã de hoje (20) o grupo de exercícios "Emult Aplicada 01" do Centro de Convivência São Tarcísio participou de uma roda de conversa no Marco Zero da cidade, às margens do Rio Doce. A ação, que faz parte da 10ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais, foi realizada pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura e pelo Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural. Na ocasião, o grupo pôde apreciar a exposição do Museu Itinerante com fotografias históricas.
Para a historiadora e presidente do Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural, Sandra Nicoli, a roda de conversa com o grupo foi muito gratificante. "Às vezes você imagina que como a pessoa não tem aquela leitura ou não tem o hábito de ler sobre o patrimônio, não vai trazer nada de importante. Mas eles trazem dados empíricos que eles vivenciaram com as informações que realmente complementam o que está escrito. E o que está escrito é o que eles falam mesmo. Então, é gratificante a possibilidade de fazer uma ação com um grupo de pessoas idosas que tem muito mais a nos ensinar do que nós falarmos para eles. Aqui a gente aprendeu muito mais do que a gente transmitiu do que conhece, e às vezes muito do que iríamos transmitir conhecemos da escrita, da leitura, eles conhecem da vivência", afirmou.
O antropólogo Leandro Gomes destacou que a ação ajuda a enfatizar a importância da memória e da vivência da população que construiu e constrói o Governador Valadares. "É importante a gente pensar na importância do patrimônio identificado, patrimônio material, mas também da importância dessa memória, de todos esses locais de memória e de toda essa vivência dessa população. Estar junto aqui com o pessoal do Centro Cultural São Tarciso é fundamental, porque trazem uma bagagem muito interessante, leituras e perspectivas da cidade", enfatizou.
Gerente de Patrimônio Histórico, Roberta Avelar, vê na ação uma forma de conscientizar a população sobre a importância de preservar e conservar o patrimônio cultural. "Falar de memória, de pertencimento é muito bom. Hoje a gente trouxe para vocês os patrimônios de nossa cidade e também um pouquinho da história do São Tarciso, de Valadares e do Marco Zero porque é uma história muito bonita. Toda a nossa história começou aqui e vocês estão trazendo histórias que vamos levar para outros lugares para que não se perca o sentido do que o patrimônio cultural para sociedade e para comunidade", destacou.
A professora aposentada, Eliane Júlia de Souza Oliveira, de 66 anos, era uma das mais participativas durante a conversa. "Achei muito gostosa essa roda de conversa porque me remeteu ao passado e me fez lembrar de coisas de quando eu era pequena. Minha mãe lavava roupa na antiga Firma na beira do Rio Doce e meu pai não só trabalhou na Açucareira como comprou uma ação dela, chama Piteva, tenho ela até hoje", contou orgulhosa.
Para o caldeireiro aposentado, Valter Pereira, de 77 anos, o evento devia acontecer mais vezes e incluir o público mais jovem. "Acho que sempre tinham que fazer ações como essa, não falo por nós, mas para que os jovens se inteirem da história. De como era a cidade antes. Muita gente não sabe o que é Açucareira. Eu já roubei muita cana que os caminhões transportavam para lá", revelou.
Jornada do Patrimônio
A Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais é um evento bienal criado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha - MG) em 2009. Seu objetivo é mobilizar a população, as entidades e os municípios do estado para a valorização e a preservação do patrimônio cultural. A iniciativa é promovida pela Secretaria do Estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG). Este ano a jornada tem como tema "Paisagemy Cultural e Patrimônio Toponímico".