Funcionário de bar em Belo Horizonte critica abolição da escravidão no Brasil e diz que pessoas pretas têm que 'tomar água do vaso'.

21/10/2024 16h30

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acionou a polícia para apurar um crime de racismo cometido por um homem de 36 anos. Em um vídeo que viralizou na internet, ele criticou a abolição da escravidão no Brasil e disse que pessoas pretas "têm que tomar água do vaso".

O conteúdo foi publicado nas redes sociais do próprio suspeito, identificado como Alessandro Pereira de Oliveira, na madrugada da última sexta-feira (18).

"Eu acionei o promotor e a delegada que trabalham com a temática de crimes de intolerância da capital para providências sobre a questão", disse Allender Barreto Lima, promotor de Justiça e coordenador de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) do MPMG.

Bar onde suspeito de racismo trabalhava fica no bairro Universitário, na capital mineira - Foto: Luiz Henrique

Alessandro Pereira era funcionário de um bar no bairro Universitário, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, e foi demitido após a repercussão do caso.

O sócio proprietário do bar, Alex Sandro de Oliveira, disse que só soube do vídeo depois de ser abordado por clientes e questionado sobre a publicação.

"Eu sou contra o racismo. Fiquei indignado. Tenho parentes negros. Mandei ele embora na hora", afirmou Alex Sandro.

No vídeo, o homem criticou a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel para extinguir a escravidão no Brasil, em 1888, e fez um discurso com ofensas racistas.

"Trabalhar em bar não é fácil. Maldita Princesa Isabel que assinou a Lei Áurea pra acabar com a escravidão. Preto tem que entrar no chicote e no tronco mesmo. Não tem conversa não. Não sei se preto tem razão pra reclamar de copo, tem que tomar água do vaso. Eu tinha que ter vivido na época dos barões, cortar essa raça no chicote. Amarrar no tronco e chicote estalando no ombro, amarrado dentro da caixa de ferro e deixar o dia inteiro no sol. Vou ter que aturar macaco me enchendo o saco".

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que Alessandro Pereira de Oliveira tem quatro passagens pelo sistema prisional.

Na última vez em que esteve preso, ele recebeu o benefício de saída temporária pela Justiça e não retornou no prazo determinado. Alessandro foi registrado como fugitivo por abuso de confiança e, desde março deste ano, tem um mandado de prisão em aberto.